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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Djeff: Sinto–me feliz por ser um DJ de House Music”

Para além da simpatia que tem dos fãs, e dos vários convites que recebe para tocar dentro e fora do país, tornando-se assim num dos embaixadores da cultura nacional, Djeff Afrozilla foi recentemente agraciado com o Prémio de Melhor DJ de 2014 no Moda Luanda deste ano. Descubra mais sobre o artista, formado em design, mas emprestado à música.
Conquistou o prémio de melhor DJ no Moda Luanda, 2015. O quê que este prémio representa para si? 
É sempre bom quando estes prémios aparecem, porque é sinal de que as pessoas acompanham o meu trabalho, admiram o meu percurso e é um incentivo para que eu continue a dedicar-me naquilo que mais gosto, que é tocar e fazer música. Graças a Deus é um sonho que tem estado a ser realizado ao longo de vários anos.
Tem sido muito aplaudido pelo público, que demonstra muita simpatia por si. O que é que tem estado a contribuir de forma massiva para o seu progresso como artista?
Sempre fui muito reservado e desde que cheguei cá em Angola, ter trabalhado na TV Zimbo, como apresentador do programa “Made in Angola”, ajudou de certa forma na minha visibilidade enquanto artista e enquanto DJ. Após ter vivido esta experiência passei a ser mais à vontade, não só perante as câmaras, mas também perante as pessoas e consegui tirar um bom partido disso porque as pessoas acabaram ficando com uma boa imagem de mim.
A Kazukuta surgiu quando cheguei a Angola e as pessoas questionavam sobre como era possível ter uma gravação das minhas misturas porque lhes parecia diferente do que estavam habituados a ouvir. Então pensei em gravar os sets e dar - lhes um nome, que na verdade surgiu de repente. 
As suas origens são basicamente africanas mas nasceu em Portugal. Uma vez que viveu na Europa e absorveu muito da cultura europeia, qual é a influência que esta tem na sua vida e na sua arte em particular?
Apesar de ter nascido em Portugal sinto - me 100% angolano. A raiz angolana entrou com muito mais força na minha vida e embora tenho vivido segundo costumes europeus, sempre estive mais ligado ao lado angolano. Por volta dos 13, 14 anos de idade comecei a beber do Semba e da Kizomba o que me levou a estar mais ligado ainda à cultura angolana.
Para além de DJ é produtor. Apesar destas influências de estilos, culturas, só toca música electrónica.  Porquê?
Neste momento sou DJ de música electrónica, toco apenas “House Music”. Porém, eu comecei tocando todos os estilos musicais, mas depois apercebi – me de que o fascínio que ganhei por querer ser DJ foi mesmo por causa da música electrónica.
E como é que surge o produtor?
O produtor surge quando já tocava em alguns bares e discotecas em Portugal. Senti uma certa necessidade de tocar músicas minhas. Comecei por fazer edits (pegava em músicas já feitas e adicionava elementos electrónicos de formas a torná– las mais dançantes). Mas no princípio não parecia nada de especial, porém, mas com o passar do tempo, as pessoas começaram a gostar e a cobrar outros tipos de edits. Achei engraçado quando os outros DJs também começaram a tocar estas misturas pequenas produções eu fazia…
Qual é a avaliação que faz do estilo que toca e produz, tendo em conta que no país ainda se faz por Deep House?
Hoje em dia temos muitos produtores a fazer não só “Afro – House” mas “House Music” no geral, mas o que predomina neste momento é o pessoal a fazer o “Afro – House” com base na animação, mas é de louvar a existência de produtores que já se preocupam com letras e algo um pouco mais trabalhado. O “House Music” é o estilo mais ouvido cá em Angola, mas existem outros estilos incorporados, como é o caso do “Deep House”, que era considerado um estilo underground, mas está agora a ter um impulso gritante e sinto – me feliz por ser um DJ de House Music e saber que as coisas estão a andar bem.
Conte-nos como é que surge a ideia da Kazukuta?
A Kazukuta surgiu quando cheguei a Angola e as pessoas questionavam sobre como era possível ter uma gravação das minhas misturas porque lhes parecia diferente do que estavam habituados a ouvir. Então pensei em gravar os sets e dar - lhes um nome, que na verdade surgiu de repente. Investiguei sobre o significado e julguei ter tudo a ver comigo (festa, alegria, etc.) e achei o nome ideal para os meus mixes e por conseguinte para a minha produtora.
Já agora, porquê Djeff Afrozilla?
No inicio era apenas “Djeff”, na altura em que estava em Portugal, numa formação com o DJ Miguel Mateus, e numa das aulas de “techno” fiz uma mistura improvisada e um dos meus amigos disse –me que parecia o Jeff Miles, um DJ conceituado dentro do estilo “techno”. Sem desdenhar do nome, aproveitei o Jeff, acrescentando apenas um “D” no princípio do nome e passou a ser “Djeff”. O “Afrozilla” nasceu depois de chegar a Angola, na altura já estava a produzir e a fazer edits e remixes para outros artistas e pus na cabeça que queria ser grande a nível internacional dentro da música Afro House.
Gosto muito de arte e esta é com certeza uma das razões que fez – me vir à Angola. Estava a trabalhar em algumas empresas, mas os valores financeiros não correspondiam ao que eu queria. Precisava de muito mais.
Como DJ é um artista. Mas tendo em conta que estudou arte e design, pensa em algum dia voltar a trabalhar em arte?
Gosto muito de arte e esta é com certeza uma das razões que fez – me vir à Angola. Estava a trabalhar em algumas empresas, mas os valores financeiros não correspondiam ao que eu queria. Precisava de muito mais. Foram várias as razões que fizeram – me vir para Angola. Na altura havia um tio que estava para abrir uma discoteca e senti a necessidade de vir para cá, ajudar não só a trabalhar na discoteca como DJ, mas também a nível de imagem, design e criar uma nova imagem para a casa. Mas depois notei que não era bem o que eu queria fazer. Então pus simplesmente a minha carreira como designer de lado e comecei a fazer música e a tocar. Mas continuo a ter ideias de quadros e pintura e creio que é algo que está gravado em mim. Sinto a necessidade de voltar a pintar e manter uma ligação entre a Kazukuta e este meu outro lado artístico.
Quais são os artistas angolanos que influenciaram na sua carreira?
São mais músicos. O Paulo Flores, por exemplo, tem sido não só um amigo mas uma pessoa que me tem inspirado bastante, o Yuri da Cunha e outros artistas que estão sempre a dar uma força. Dentro das artes plásticas, um dos artistas com quem tenho uma ligação mais próxima é o Nástio Mosquito. E no caso de DJ, sei que há DJs tentando criar uma espécie de associação, mas tenho é mais ligações com os DJs Callas, João Reis e outros. Há uns com quem falo mais, outros com quem falo menos, normalmente sou uma pessoa muito reservada, razão pela qual passo mais tempo em casa.
Como é que concilia a música, que muitas vezes o obriga a viajar ou passar noites foras, com a sua família?
Eu tenho uma relação muito boa com a minha família. Não digo que é perfeita, até porque nada é perfeito na vida. Quando estou cá em Angola, durante a semana tento ter uma rotina que seja igual a deles. Normalmente de manhã cedo a minha esposa leva o nosso filho à creche, eu fico a fazer música durante o dia e quando eles voltam procuro estar o máximo de tempo com eles. Desligo – me do computador e do telefone para tentar compensar o tempo que não passo com eles.
Para finalizar, cite dois hits que sejam imprescindíveis para si como músico e também como ouvinte.
Enquanto ouvinte de “House Music” a minha música preferida é a “Work”, dos Masters at Work, que também são conhecidos como “Maw”. Em relação às produções de minha autoria, a preferida é o “Tambulenu”, que eu acho que veio dar um input diferente dentro da música electrónica ou do movimento “Afro-House” no país. Mas também tenho um carinho especial pelo “Elegom Bounsa”, que é um “house” com vocal de Kuduro e que abriu aqui um novo horizonte de combinação de estilos.

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